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Venezuelanos recorrem a criptomoedas contra hiperinflação

Com a moeda oficial do país se desvalorizando há anos, governo e programadores apostam em moedas digitais. Para muitos cidadãos comuns, as criptomoedas também significam recuperar um pouco de liberdade.
Clientes fazem fila nos caixas de uma loja que aceita a criptomoeda venezuelana Petro, em Caracas, no dia 28 de dezembro de 2019.

A hiperinflação causada pela crise econômica impulsionou o uso de criptomoedas na vida diária

Para o venezuelano Gabriel Jiménez, voltar para o país natal seria perigoso. O programador de 31 anos vive exilado há dois anos nos Estados Unidos, de onde tenta promover uma revolução de criptomoedas na Venezuela com uma moeda digital chamada Reserve.

Em circulação desde março deste ano, a nova criptomoeda tem como objetivo contornar a altíssima inflação da Venezuela. Os políticos socialistas no governo "não têm soluções para nosso país" e nem para sua moeda corrente depreciada, o bolívar, disse ele à DW.

Oficialmente encarregado de projetar a primeira criptomoeda da Venezuela há três anos, Jiménez – então um jovem fundador de startups de 27 anos de idade – viu uma chance de vencer a hiperinflação e se vingar clandestinamente do detestado governo socialista do país.

O programador Gabriel Jimenez, criador da criptomoeda venezuelana Petro e hoje exilado nos Estados Unidos

Gabriel Jiménez, criador da criptomoeda Petro e hoje exilado nos Estados Unidos

Antes que o governo de Nicolás Maduro o abordasse para discutir a criação de uma moeda digital, Jiménez fazia parte do movimento antigoverno, tendo participado de vários protestos de rua. Na época, a economia do país sul-americano rico em petróleo já estava em queda livre.

Petro: a primeira criptomoeda estatal do mundo

Jiménez viu uma oportunidade de mudar seu país a partir de dentro. Se uma criptomoeda parecida com o Bitcoin fosse feita da maneira certa, pensou, ele poderia dar ao governo o que ele queria – uma maneira de contornar as sanções financeiras excruciantes impostas pelo governo do ex-presidente americano Donald Trump –, enquanto também introduziria furtivamente uma tecnologia que daria aos venezuelanos certo grau de liberdade.

A perigosa empreitada transportou Jiménez da vida de um ativista para o centro das sombrias instituições de poder da Venezuela. No entanto, a primeira moeda digital estatal do mundo, a Petro, que ele ajudou a criar, não se tornou o tipo de revolução que ele esperava.

O logotipo da criptomoeda venezuelana Petro aparece entre as imagens do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez (esquerda) e do presidente venezuelano Nicolas Maduro em um prédio no centro de Caracas, em 21 de setembro de 2018.

Maduro (à direita) aposta na Petro para amenizar os efeitos das sanções americanas e da crise econômica doméstica

Por estar ancorada nas reservas de petróleo da Venezuela, a Petro quebra os princípios do Bitcoin e de outras criptomoedas, cujos valores não derivam de recursos naturais ou moedas fiduciárias do governo, mas apenas das leis da matemática. Antes e depois do lançamento da Petro, em fevereiro de 2018, Jiménez também foi repetidamente forçado a alterar o chamado "relatório branco" do token, informando em qual plataforma de blockchain a moeda era negociada.

"Fui ingênuo na época e ainda me dói muito ver como a Petro está sendo mal usada como arma política do governo", disse ele, acrescentando que acabou sendo forçado a fugir para o exílio para escapar de prisão e punição.

Inflação e uso de moedas digitais disparam

Suas negociações com o governo Maduro fizeram de Jiménez uma figura controversa e que perdeu muita confiança dentro da criptocomunidade global. Ele se diz, no entanto, ainda determinado a combater a inflação descontrolada de seu país, que em março forçou o governo a emitir uma nota de 1 milhão de bolívares – no valor de cerca de meio dólar.

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