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Caos no turismo: Booking atrasa pagamentos a hoteleiros, em meio à crise da 123Milhas

Booking, 123Milhas
Booking enfrenta enxurrada de críticas em redes sociais, mas problema difere daquele vivido pela 123Milhas.

A crise da 123Milhas parece ter aberto uma caixa de pandora no setor de turismo brasileiro. Desta vez, quem entra nos holofotes é a Booking.com, plataforma internacional de reservas e hospedagens.

Uma enxurrada de comentários no Instagram do Booking Brasil sugere que a plataforma não está repassando os pagamentos aos proprietários de pousadas e hotéis cadastrados.

Em algumas postagens há o apelo para que os anfitriões se organizem judicialmente contra a companhia, acusando-a de calote.

Consultada, a empresa atribuiu os atrasos a uma falha técnica decorrente da mudança do seu sistema interno de pagamentos e está trabalhando para normalizar os repasses. A reestruturação ocorreu no final do mês de julho e atingiu exclusivamente os anfitriões.

Caso Booking é o mesmo do 123Milhas?

Apesar de estarem ocorrendo concomitantemente, os casos envolvendo a Booking e a 123Milhas são diferentes.

Segundo Ricardo Freire, escritor brasileiro e referência no setor de turismo, o modelo de negócio da Booking não depende de girar o dinheiro do cliente para depois passar ao hoteleiro. “A imensa maioria dos pagamentos é processada diretamente pelos hotéis e pousadas”, diz o especialista.

Freire explica que a imensa maioria dos hotéis e pousadas não recebe nada do Booking. Ao contrário, paga a plataforma uma comissão pelas hospedagens reservadas, depois de concluída.

No entanto, uma porcentagem dos hotéis e pousadas, por opção dos hoteleiros, e todos os aluguéis de temporada, por características da modalidade, têm seus pagamentos processados pelo Booking.

Nesses casos, a empresa retém o dinheiro e repassa mensalmente ao anfitrião, deduzindo sua comissão. É esse repasse que fica prejudicado com os problemas técnicos. “Claro que isso dói no bolso dos afetados e justifica toda a indignação, mas está longe de ser um evento generalizado”, coloca Freire.

 

Em contrassenso aos rumores de uma possível falência, a Booking reportou resultados que superaram em larga margem aquilo que esperavam os analistas, no que está sendo considerado um verão de fantasias para a empresa.

Durante o segundo trimestre do ano, o lucro líquido da companhia foi de US$ 1,29 bilhões, comparado com US$ 857 milhões no mesmo período do ano passado. A receita subiu 27.2% no mesmo período, aos US$ 5,46 bilhões.

Governistas querem plataformas de turismo na CPI de pirâmides financeiras

A onda de reclamações envolvendo a Booking não está passando desapercebida em Brasília. Segundo a IstoÉ, deputados governistas articulam incluir plataformas como a 123Milhas, Hurb e também a Booking dentro da CPI das pirâmides financeiras.

As plataformas viraram alvo de críticas, após a 123Milhas cancelar as reservas de viagens entre setembro e dezembro deste ano.

Em seu portal, a 123Milhas diz que “sempre buscou agir com transparência e respeito com os seus clientes”, e que a suspensão ocorreu “devido à persistência de circunstâncias de mercado adversas”.

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