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Por que Brasil merece estar no ‘grupo de vencedores’ para investimentos em 2023, segundo maior gestora do mundo

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BlackRock lança suas perspectivas para o mercado de capitais em 2023 (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, lançou nesta quarta-feira (30) a sua cartilha contendo as perspectivas de investimentos para 2023, com uma mensagem central que pode ser amarga ao paladar dos mercados: as condições que garantiram um “bull market” (mercado altista) para ações e títulos ao longo da década passada podem ter dado um adeus definitivo.

Na visão da gestora, o Brasil e o mundo enfrentam restrições de produção de longo prazo, levando a uma inflação que não conseguirá ser completamente domada nem mesmo pela ação dos bancos centrais.

Uma perspectiva mais sombria em relação ao avanço global dos preços está atrelada ao envelhecimento da força de trabalho, à transição energética e à chegada de uma nova ordem geopolítica, catalisada pela guerra na Ucrânia e que deve ter como maior desafio a tensa relação EUA–China.

Mesmo em face a estes desafios, os executivos locais da BlackRock  e o estrategista-chefe da empresa na América Latina veem oportunidades de um crescimento “tático” para o mercado de capitais brasileiro, dada a sua posição de destaque entre as economias em crescimento.

Selic abaixo de 10% é gatilho para retomada de apetite ao risco

Entregando uma taxa terminal que beira os 14%, o ciclo de juros iniciado em meados de 2021 penalizou o mercado de ações, impactando diretamente no volume de custódia da BlackRock no acumulado do ano.

Na avaliação dos executivos locais da gestora, o retorno para um cenário mais favorável em direção aos ativos de risco deve passar por um recuo dos juros, ao menos abaixo do patamar dos 10%.

Nesse sentido, a ação prematura do BC brasileiro no combate à inflação e o encerramento do ciclo em cronologia anterior aos mercados desenvolvidos podem catalisar uma reversão da política monetária contracionista em 2023.

A gestora entende que o mercado brasileiro já executou uma precificação das condições macroeconômicas mais desfavoráveis, ao contrário de Europa e EUA, cujos mercados ainda podem sentir correções significativas no curso do próximo ano.

“Inferimos uma recomendação ‘underweight’  para os mercados desenvolvidos, com a possibilidade de decréscimo da inflação somente em 2024. O cenário é mais atrativo para os emergentes”, avalia Axel Christensen, chefe da operação da BlackRock na América Latina.

Para Axel, essa atratividade do mercado brasileiro para o investidor estrangeiro ocorre já assimilando o prospecto de gasto público representado pela PEC de Transição –– o pacote que pretende abrir espaço adicional de R$ 198 bilhões no orçamento de 2023 para despesas sociais.

 

Segundo Axel, outros países emergentes, como Colômbia e Chile, e economias desenvolvidas como o próprio Reino Unido têm aumentado as despesas públicas como forma de induzir um novo ciclo de crescimento.

Brasil está no ‘no lado dos vencedores’

Além do “pioneirismo” na corrida dos juros, a gestora aponta que o Brasil está bem colocado para comportar investimentos relacionados às mudanças climáticas, uma das cinco macrotendências apontadas pela empresa que devem governar os mercados em 2023.

Como refere Axel, “os investidores acompanham de perto oportunidades na atividade mineradora, da indústria alimentícia e do agronegócio”.

A fala do gestor faz alusão à exploração de metais básicos como o cobre, hoje vista como peça-chave para a transição energética. Alcunhado de ‘metal verde’, o cobre é peça imprescindível para a transmissão de eletricidade de fontes solares e eólicas, além da construção de pontos de recarga de veículos elétricos.

A adoção de práticas ESG por empresas brasileiras, como é o caso da Natura (NTCO3), também é outra frente promissora para investimentos no país.

 

Segundo Karine Saade, chefe da operação brasileira da Black Rock, sob o ponto de vista das relações fiduciárias, a colocação de uma governança sustentável traz benefícios para o modelo de negócio das empresas, pois reduz litigâncias e desgastes com reguladores.

Fonte : Money Times.

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