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Não deu para segurar. A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, cedeu à imensa pressão dos parlamentares conservadores após a reação negativa da libra e do mercado e nesta segunda-feira (03) reverteu parte dos planos de corte de impostos.
A notícia impulsionou a moeda britânica, que havia despencado após apresentação dos planos do governo. A libra operou com alta de mais de 1% ao longo do dia em relação ao dólar, depois de renovar mínimas históricas na semana passada.
O recuo de Truss está sendo considerado uma derrota para o governo recém-empossado, já que no dia anterior, a premiê havia declarado que seguiria em frente com os cortes de impostos que foram a peça central de sua campanha sucedida para substituir Boris Johnson como líder do Partido Conservador.
A libra e o plano de Truss
O fim da alíquota máxima do imposto de renda de 45% sobre os ricos, um elemento-chave da agenda econômica de corte de impostos de Truss, ajudará a dissipar um pouco da nuvem que paira sobre as finanças públicas do Reino Unido.
O valor da libra despencou quando o governo anunciou inesperadamente em 23 de setembro que aboliria a alíquota de imposto de renda de 45% aplicada àqueles que ganham mais de 150.000 libras (R$ 879 mil) por ano.
Truss havia telegrafado outros impostos mais baixos durante sua campanha para líder do partido — isso inclui cortes na alíquota básica para pessoas com renda mais baixa, corte nos impostos sobre a compra de imóveis e a decisão de não aumentar os impostos corporativos.
A reversão teve como objetivo evitar uma rebelião entre membros conservadores do Parlamento. Vários sinalizaram que votariam contra o corte de impostos, e membros de alto escalão do partido previram que o governo, que está no cargo há apenas um mês, não conseguiria aprovar a medida na Câmara dos Comuns.
As preocupações dos investidores
Os mercados financeiros estão resmungando com desconforto sobre as perspectivas econômicas do Reino Unido. O plano do governo de congelar as contas de energia e cortar impostos não está aliviando as preocupações.
Mas abolir a taxa máxima foi uma surpresa e imediatamente atraiu críticas como uma oferta aos ricos em um momento em que milhões de britânicos estão lidando com uma crise de custo de vida.
O medo de que o governo tivesse que pedir empréstimos massivos para pagar os cortes levou a libra ao seu nível mais baixo em relação ao dólar desde 1985.
Outros ativos britânicos também foram atacados, levando o Banco da Inglaterra a intervir nos mercados na semana passada para fortalecer os títulos do governo.
*Com informações do New York Times