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Seminário analisou desafios e benefícios da acessão do Brasil à OCDE

Pesquisadores abordaram os potenciais efeitos do ingresso na organização

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) realizou na manhã desta quarta-feira (29/6), no Manhattan Plaza Hotel, em Brasília, o seminário “Acessão do Brasil à OCDE – Efeitos sobre Indicadores Econômicos e o Caminho à Frente”. Os palestrantes analisaram o grau de adesão do Brasil aos instrumentos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), bem como os desafios para o ingresso e os eventuais benefícios advindos da entrada, com base na experiência de países que integraram o grupo recentemente.

Na abertura do evento, o presidente do Ipea, Erik Figueiredo, salientou a importância do debate e da participação dos organismos internacionais em prol do desenvolvimento dos outros países. Em sua fala, o presidente destacou a teoria da previsibilidade de Nuno Limão, da Universidade de Maryland, para ilustrar a importância da adesão Brasil à OCDE. “Às vezes, você não está pensando no nível do comércio, você está pensando em um segundo momento disso, que é a variação. Participando de organismos internacionais, você tem menos variação no volume comercializado e está menos exposto a choques internacionais”, disse.

O coordenador-geral da Diretoria de Estudos Internacionais do Ipea, Fernando Ribeiro, explicou que as vantagens do ingresso na OCDE, para o Brasil, vão muito além da economia e do desempenho econômico. “Hoje, entre as maiores, estão o elevado nível de intercâmbio e cooperação com economias mais desenvolvidas, o estímulo à adoção de práticas consideradas positivas com relação à governabilidade e à gestão econômica, social e ambiental, além do ‘selo de qualidade’ indicando que o país adota boas práticas e tem instituições razoavelmente fortes. O desempenho econômico acaba sendo consequência de tudo isso”, afirmou.

Um ponto importante que, de acordo com Ribeiro, tem sido subestimado, é a capacidade do país, dentro da OCDE, influenciar o grupo, as normas e recomendações, podendo participar mais ativamente e, como membro, ter uma posição mais forte nas discussões.

Para o diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, Paulo de Andrade Jacinto, o período da entrada na organização é tão importante quanto o período pós-adesão, uma vez que é nesse momento que há convergência de políticas e boas práticas de governança, com oportunidade de atração de investimentos e melhoraria do fluxo de comércio, entre outros indicadores.

Jacinto citou um trabalho do pesquisador do Ipea Renato Baumann, que buscou entender o antes e o depois da acessão. Foram utilizados indicadores como tarifas, fluxo de exportação e importação, investimento externo direto, formação bruta de capital, efeitos sobre o ritmo de crescimento do produto agregado e a redução no fluxo de capital. De forma geral, há ganhos com a entrada na organização.

Outro trabalho mencionado é de autoria do pesquisador do Ipea André Pinelli, que analisou a série de investimento estrangeiro direto no Chile, simulando o desempenho caso o país não integrasse a OCDE. Nesse caso, no período de 2007 a 2010, quando ocorre a harmonização das políticas, é possível verificar efeitos positivos sobre o investimento interno e externo. De 2011 a 2015, (de acordo com o cenário) a taxa de crescimento de investimento direto no Chile foi de 28% do PIB.

Durante o evento, foram abordados temas prioritários que são foco de grande parte dos instrumentos da OCDE e das discussões no âmbito dos comitês e grupos de trabalho, como meio ambiente, transportes, energia nuclear, desenvolvimento e emprego. Atualmente, o Brasil participa de 23 comitês e já aderiu a 44% dos instrumentos da organização.

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