INTRODUÇÃO
Diversos estudos e artigos já foram escritos sobre o iminente esgotamento das atuais reservas de petróleo e gás natural, gerando bastante inquietação quanto à normalidade do abastecimento no longo prazo, por serem as duas principais fontes de suprimento de energia.
Um dos estudos mais importantes sobre o tema foi elaborado pelo conceituado MIT (Massachusetts Institute of Technology), contratado pelo clube de Roma, para avaliar os impactos relacionados ao meio ambiente, em função do uso excessivo do petróleo e do gás natural, dentre outras fontes poluentes.
O clube de ROMA é um grupo que foi formado em 1968, tendo nos seus quadros a elite intelectual de diversos países e segmentos da sociedade organizada (políticos, acadêmicos, empresários, entre outros), para debater e contratar estudos sobre temas de interesse relevante.
O trabalho foi concluído e publicado em 1972. O livro vendeu mais de 30 milhões de cópias, tornando-se o mais vendido da história sobre o tema: meio ambiente.
O MIT chegou à conclusão de que o PLANETA TERRA não suportaria o crescimento populacional devido à pressão gerada sobre os recursos naturais energéticos.
As conclusões, entretanto, se mostraram muito equivocadas ao longo dos anos.
Diversos outros ensaios e previsões sobre o tema já foram bastante explorados, em especial sobre petróleo, gás e carvão, sempre com abordagens futuras negativas. Todas falharam.
Teoria importante e muito conhecida no meio acadêmico, sobre o tema do abastecimento alimentar, foi desenvolvida por THOMAS MALTHUS, intelectual anglicano, no final dos anos 1700, sobre o descompasso entre o “crescimento populacional” e a possibilidade da “produção de alimentos”.
MALTHUS afirmava que o crescimento da população se daria a taxas geométricas e o crescimento da oferta de alimentos em ritmo aritmético. Em poucos anos estaria instalada uma grande crise de alimentos na humanidade.
Trata-se de uma abordagem em área aparentemente distinta, porém guarda estreita correlação no plano das previsões em tema muito sensível como o da energia.
Foi, mais uma vez, uma teoria não validada.
A tecnologia, o uso de fertilizantes e insumos modernos, modificou o curso da história.
Um dos grandes problemas da humanidade hoje, não é a falta de alimentos, reside sim na obesidade e suas consequências.
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Passaremos agora a examinar algumas informações estatísticas, fundamentais para solidificar uma opinião sobre as fontes de energia hoje utilizadas, suas disponibilidades na linha do tempo e possibilidades objetivas de substituição das fontes fósseis por renováveis.
O foco de nossa abordagem será examinar a composição da MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL e a evolução da sua composição, no período compreendido entre os anos de 2000 a 2020 e expectativas futuras.
MATRIZ ENERGÉTICA: CONCEITO
A consolidação de todas as fontes primárias utilizadas para a produção de diversas formas de energia, denomina-se “MATRIZ ENERGÉTICA”.
Uma grande parte das fontes utilizadas para a obtenção de energia é de origem não renovável (fóssil), a exemplo do petróleo, do gás natural, do carvão mineral e do urânio.
As demais fontes são de origem renovável, notadamente a biomassa, a hidroeletricidade, a eólica, a solar, dentre outras.
A utilização de diversas formas de energia, para gerar eletricidade, a fim de abastecer as indústrias, as residências, a iluminação pública, entre outros setores, denomina-se “MATRIZ ELÉTRICA”.
Em consequência, a matriz elétrica é um subconjunto da matriz energética.
No decorrer dessas duas últimas décadas, o esforço desenvolvido pelos governos para tornar a energia renovável mais presente na composição da matriz energética ainda não resultou em avanços significativos.
As notícias veiculadas pelos meios de comunicação e muito verbalizadas pelos ambientalistas, transmitem a impressão que as energias renováveis, notadamente a fonte eólica e solar, já ocupam lugar de destaque na composição da matriz energética.
Trata-se, porém, de uma narrativa que não corresponde à realidade.
No decorrer dos últimos 18 anos, de 2002 a 2020, a participação relativa das energias renováveis, na composição da matriz energética mundial, manteve sua posição praticamente inalterada.
É certo que a contribuição em valores absolutos das fontes de energias renováveis tem aumentado nos últimos anos, em resposta ao crescimento da demanda total de energia.
Por outro lado, a participação relativa das energias renováveis, no conjunto da matriz energética mundial, corresponde basicamente à participação da biomassa e da hidroeletricidade.
MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL | ||||
- | 1990 | 2002 | 2010 | 2020 |
Petróleo e derivados | 36,9% | 34,9% | 35,3% | 31,5% |
Gás natural | 19,0% | 21,2% | 20,9% | 22,8% |
Carvão Mineral | 25,3% | 23,5% | 24,1% | 27,1% |
Nuclear |
6,0% | 6,8% | 6,4% | 5,0% |
Biomassa | 10,3% | 10,9% | 9,9% | 9,3% |
Hidroeletricidade | 2,1% | 2,2% | 2,1% | 2,5% |
Outras renováveis | 0,4% | 0,5% | 1,3% | 2,0% |
Não Renovável | 87,2% | 86,4% | 86,7% | 86,2% |
Renovável | 12,8% | 13,6% | 13,3% | 13,8% |
FONTE: IEA – Agência Internacional de Energia |
A produção de energia renovável proveniente da biomassa está muito correlacionada com a produção do ETANOL, tendo como matéria prima o milho e a cana de açúcar. No caso da cana de açúcar, além do etanol, aproveita-se também o bagaço e resíduos da palha para cogeração de energia elétrica. Os principais produtores de etanol são os Estados Unidos e o Brasil que, juntos, respondem por mais de 90% da produção mundial.
Somente a título comparativo, adicionamos a informação contendo os dados da matriz energética do Brasil.
BRASIL: MATRIZ ENERGÉTICA | ||
2012 | 2020 | |
Petróleo e derivados | 39,2% | 33,1% |
Gás natural | 11,5% | 11,8% |
Carvão mineral |
5,4% | 4,9% |
Energia Nuclear |
1,5% | 1,3% |
Outras n/ renováveis | - | 0,6% |
Derivados da cana de açúcar | 15,4% | 19,1% |
Hidroeletricidade | 13,8% | 12,6% |
Lenha e carvão vegetal | 9,1% | 8,9% |
Outras renováveis | 4,1% | 7,7% |
NÃO RENOVÁVEIS | 57,6% | 51,7% |
RENOVÁVEIS | 42,4% | 48,3% |
Fonte: EPE- Empresa de Pesquisa Energética – MME
FONTES DE ENERGIA PRIMÁRIA
1. PETRÓLEO
As reservas provadas de petróleo, no período compreendido entre 2000 a 2020, evoluíram de acordo com os números abaixo registrados:
VALORES EM BILHÕES DE BARRIS | |||
PAÍSES | 2000 | 2010 | 2020 |
Venezuela | 76,8 | 296,5 | 303,8 |
Arábia Saudita | 262,8 | 264,5 | 297,5 |
Canadá | 18,3 | 175,2 | 168,1 |
Irão | 93,1 | 151,2 | 157,8 |
Iraque | 115,0 | 115,0 | 145,0 |
Rússia | 59,6 | 86,6 | 107,8 |
Kuwait | 96,5 | 101,5 | 101,5 |
Emirados Árabes | 97,8 | 97,8 | 97,8 |
Estados Unidos | 30,4 | 30,9 | 68,8 |
Líbia | 36,0 | 47,1 | 48,4 |
Nigéria | 29,0 | 37,2 | 36,9 |
Cazaquistão | 25,0 | 30,0 | 30,0 |
China | 17,9 | 14,8 | 26,0 |
Catar | 13,1 | 24,7 | 25,2 |
Brasil | 8,5 | 14,2 | 11,9 |
Outros | 127,2 | 134,9 | 105,9 |
Total Mundo | 1.104,5 | 1.622,1 | 1.732,4 |
Fonte: ANP- Anuário Estatístico Petróleo e Gás
No decorrer do período entre 2000 e 2020, a produção de petróleo evoluiu de acordo com os números registrados na tabela abaixo:
VALORES EM BILHÕES DE BARRIS | |||
ANOS | PRODUÇÃO | M. MÓVEL | ÍNDICE |
2000 | 27,32 | - | - |
2001 | 27,30 | 27,26 | 100,00 |
2002 | 27,17 | 27,52 | 100,95 |
2003 | 28,10 | 28,19 | 103,41 |
2004 | 29,29 | 29,00 |