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Gastos em proteção social totalizaram 3% do PIB mundial durante a pandemia em 2020

Peru e Brasil lideraram ranking entre economias emergentes

A política fiscal e de proteção social implementada por 222 países durante a pandemia, em 2020, totalizou gastos de U$ 2,9 trilhões, o que representa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. O diagnóstico consta no estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta terça-feira (5/10), pela Revista Tempo do Mundo. De acordo com a pesquisa, Peru e Brasil lideraram o ranking, em termos percentuais, entre as economias emergentes, com gastos de 15% e 14% do PIB doméstico, respectivamente, em programas de proteção social.

O estudo utilizou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). O levantamento revela que 18% do volume global em políticas fiscais anticíclicas e enfrentamento à covid-19 foram direcionados, em 2020, exclusivamente às medidas de proteção social, visando a preservação do emprego, renda e dos meios de vida das famílias. A média de gastos dos países avançados foi de 27,8% do PIB das economias. Já entre os emergentes, a média ficou em 6,7%, quatro vezes menor comparado às economias avançadas.

A pesquisa contou com o apoio do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG, na sigla em inglês). Os pesquisadores identificaram 903 medidas de proteção social em 129 países do sul global. De acordo com a análise, as medidas de assistência social representaram 53% desse total, seguidas por medidas direcionadas ao mercado de trabalho, 36%, e iniciativas destinadas à seguridade social, 11%.

Para o pesquisador do Ipea, Fabio Veras, coordenador de estudos de governança internacional e políticas comparadas (Dinte/Ipea) e autor do artigo, juntamente com o pesquisador do Ipea Rodrigo Orair, o estudo confirma a importância estratégica dos gastos em proteção social no enfrentamento à pandemia. Porém, reitera a importância do debate projetando o cenário de retomada pós-pandemia. “As medidas fiscais foram uma resposta emergencial, cujos propósitos foram mitigar os impactos econômicos e sociais. Porém, elas não devem ser confundidas com medidas fiscais duradouras de estímulo ao consumo e crescimento econômico. É preciso debater novas alternativas nessa agenda”, argumentou.

Webinar de lançamento

A edição nº 26 de Revista Tempo do Mundo foi lançada, na tarde desta terça-feira (5/10), em webinar promovido pelo Ipea. A publicação apresenta nove artigos com análises sobre a crise pandêmica, experiências internacionais em medidas fiscais para mitigar os impactos econômicos, debilidades da governança regional, além de propostas de retomada de curto prazo, via dinamização das exportações, como de médio e longo prazos.

A abertura dos debates foi realizada pelo diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte/Ipea), Ivan Oliveira, que reforçou a importância da publicação na agenda de estudos internacionais. “Os impactos econômicos e sociais causados pela pandemia lançaram desafios sem precedentes na história recente. A revista contribui com pesquisas aprofundadas e indicadores inéditos no debate sobre a construção de politicas públicas nesse contexto de retomada no cenário internacional”, afirmou.

O webinar contou com a participação do ex-ministro de Economia da Polônia, Grzegorz W. Kolodko, que destacou as preocupações com a escalada inflacionária observada em diferentes países, além da desaceleração econômica. “Algumas economias passaram a enfrentar patamares elevados, de até 8%, na taxa de inflação. Porém, esse cenário não é de recessão econômica global, como já ocorreu em períodos críticos. Na medida que o consumo retomar e o desemprego reduzir, as economias terão mecanismos para iniciar o processo de retomada”, avaliou.

O pesquisador do Ipea Pedro Silva Barros, editor da revista Tempo do Mundo, reiterou os objetivos da publicação que buscou trazer nesta edição estudos que fortalecem o debate da retomada pós-pandemia. “A revista é um espaço de diálogo entre acadêmicos, formuladores e executores de políticas públicas sobre temas de impacto na política e economia internacional. Os resultados apresentados nos artigos desta edição expressam nosso compromisso nesta agenda de estudos, que tiveram como foco de análise a retomada pós-pandemia”, disse.

A próxima edição da Revista Tempo do Mundo está programada para ser lançada no mês de dezembro. A publicação deverá abordar temas relacionados à Amazônia, à economia de baixo carbono, além da cooperação internacional na agenda ambiental, entre outros.

Leia na íntegra a Revista Tempo do Mundo (edição nº 26).

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