Topo

Artigo - Fôlego novo para a equipe econômica?

 

Em março, ficamos sabendo que o crescimento negativo de 4,1% registrado em 2020 havia colocado o Brasil no 21° lugar num ranking de 50 países, segundo pesquisa da agência de risco Austin Rating. Longe de merecer comemoração, por se tratar do 3° pior desempenho da história, o resultado foi bem melhor do que as previsões de alguns meses antes, que apontavam para uma queda em torno de 8% ou mais do PIB. 

Com o resultado, mesmo com o Brasil saindo do grupo das 10 maiores economias do mundo, ficou a sensação de que as coisas poderiam ter sido muito piores, não fosse a recuperação ocorrida nos dois últimos trimestres de 2020. Essa recuperação deixou uma perspectiva favorável para 2021, frustrada logo no primeiro trimestre graças ao recrudescimento da pandemia do novo coronavírus e às medidas de restrição adotadas em todo o País para evitar que a crise na área da saúde levasse a um caos generalizado. 

Para os que viram o resultado olhando a parte cheia do copo, ficou uma sensação de alívio. Porém, numa época caracterizada por forte polarização, não foram poucos os que viram o resultado olhando a parte vazia do copo, razão pela qual choveram críticas â condução da política econômica por parte da equipe econômica liderada por Paulo Guedes. 

Com a saída de alguns importantes integrantes da equipe em março e abril, cresceram os rumores em torno da iminente saída do ministro de maior prestígio desde o início do governo do presidente Bolsonaro. 

Diante dessa situação, a divulgação do resultado da balança comercial não poderia ter chegado em melhor hora. O mês de abril revelou uma série de recordes no comércio exterior brasileiro, começando pelo superávit de US$ 10,35 bilhões – o maior valor absoluto na comparação com qualquer mês do ano, desde o início da série histórica em 1997 – fortemente impulsionado pelo crescimento de 67,9% em relação a abril de 2020. As exportações também bateram recorde, com aumento de 50,5%, alcançando US$ 26,48 bilhões. Já as importações no mês atingiram US$ 16,13 bilhões, uma alta de 41,1%, com o quinto maior valor para meses de abril. Assim, a corrente de comércio subiu 46,8%, alcançando US$ 42,61 bilhões no período, o que também representa um recorde, mas apenas para os meses de abril.

Esses dados, divulgados no último dia 3 de maio pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, liderada pelo competente Roberto Fendt, deram novo ânimo ao ministro Paulo Guedes, que jamais deixou de acreditar numa recuperação da economia brasileira em 2021, mesmo num cenário caracterizado por elevado grau de incerteza tanto no plano local, como no internacional.

Essa expectativa positiva do ministro terá mais chance de se confirmar caso a agenda de reformas estruturantes e o programa de privatizações avancem num ritmo mais acelerado do que o verificado nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro.

A conferir.



Luiz Alberto Machado - Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM - Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas e diretor adjunto do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Foi presidente do Corecon-SP e do Cofecon.

Tags:

FENECON - Federação Nacional dos Economistas  
Rua Marechal Deodoro, nº 503, sala 505 - Curitiba - PR  |  Cep : 80.020-320
Telefone: (41) 3014 6031 e (41) 3019- 5539 | atendimento: de 13 às 18 horas | trevisan07@gmail.com e sindecon.pr@sindecon-pr.com.br