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O jogo de basquete mudou... E como mudou!!!

 

A combinação aposentadoria+pandemia+quarentena+TV por assinatura acabou me proporcionando uma oportunidade jamais tida anteriormente: acompanhar “a cores e ao vivo” toda a fase final (playoffs) da NBA.

 

Realizada – como quase tudo neste ano – num formato diferenciado, com todos os jogos disputados num parque de esportes em Orlando, sob rigoroso controle sanitário, a fase final tem sido espetacular, com jogos de prender o fôlego e a atenção até o último lance.

 

Impactado pela extraordinária performance de monstros sagrados como LeBron James, Kawhi Leonard, James Harden e Russell Westbroke e por novos (ou não tão novos) nomes que se agregam ao elenco de astros como Luka Doncic, Donovan Mitchell, Damian Lillard, Jamal Murray, Jimmy Butler e outros, gostaria de chamar a atenção, neste artigo, para duas características que marcam uma mudança radical nos jogos de basquete quando comparados com os de tempos atrás.

 

A primeira delas diz respeito à perda da importância dos pivôs tradicionais, conhecidos como “número 5”.  No Apêndice 2 do livro Das quadras para a vida: lições do esporte nas relações pessoais e profissionais (figura 1), que escrevi com meu filho e que foi lançado em 2018, eu já havia chamado atenção para esse aspecto, destacando que nas finais do campeonato de 2017 “as duas equipes que disputaram a série final, vencida pelo Golden State Warriors [contra o Cleveland Cavaliers] por 4 a 1, não possuíam um pivô típico – “número 5” – de destaque, optando, em muitos momentos, por mais velocidade e habilidade e abrindo mão de um especialista”.

 

 

Essa característica também pode ser constatada em diversas equipes que estão disputando as finais desta temporada[1]. Os grandes destaques das oito equipes que chegaram às semifinais das conferências são jogadores que atuam nas outras posições, como, por exemplo, Jayson Tatum, Kemba Walker e Jaylen Brown no Boston Celtics; Kawhi Leonard e Paul George no Los Angeles Clippers; Jimmy Butler e Goran Dragic no Miami Heat; Jamal Murray no Denver Nuggets; Kyle Lowry e Pascal Siakam no Toronto Raptors; James Harden e Russell Westbrook no Houston Rockets; LeBron James no Los Angeles Lakers; Khris Middleton e Giannis Antetokoumpo do Milwakee Bucks. . 

 

As duas únicas exceções são Anthony Davis, do Los Angeles Lakers, e Nikola Jokic, do Denver Nuggets. Estes, porém, possuem uma característica que os distingue dos famosos “número 5” do passado como Kareem Abdul-Jabbar, Hakeem Olajuwon, Bill Walton, Moses Malone, Pat Ewing, Karl Malone, Shaquille O’Neal e Tim Duncan, que dominavam o garrafão e faziam naquela região a esmagadora maioria de seus pontos, Anthony Davis e Nikola Jokic, por sua vez, embora saibam também jogar dentro do garrafão, assinalam muitos de seus por meio de cestas de três pontos, exibindo uma precisão e uma habilidade que não eram vistas em pivôs do passado. 

 

Este aspecto, aliás, remete à outra mudança radical do basquete de hoje em comparação com o de anos atrás. O jogo é cada vez mais caracterizado pelos arremessos de três pontos, consagrando uma tendência que, de certa forma, foi adotada pela Seleção Brasileira que venceu os Jogos Pan-Americanos de 1987, na histórica final contra a Seleção dos Estados Unidos em Indianápolis. O estilo de jogo praticado hoje na NBA lembra muito o daquela seleção dirigida por Ary Vidal, que deu plena liberdade para que Oscar e Marcel explorassem sua reconhecida competência como arremessadores de longa distância. 

 

A figura 2 ilustra bem essa mudança, revelando como as cestas de três pontos foram se tornando mais e mais decisivas nas duas primeiras décadas deste século. 

 

Ciente dessas novas características, aguardo, com enorme expectativa, as definições dos finalistas das duas conferências e a série final prevista para o mês de outubro. 

 

Estendendo a perspectiva, espero também que a próxima temporada ocorra com a volta à normalidade e com o retorno de nomes que fizeram falta nesta temporada, entre os quais Kevin Durant, Stephen Curry, Kyrie Irving e Klay Thompson.


[1] O Houston Rockets chegou a abrir mão de Nenê e Clint Capela, que se revezaram como “número 5” nas últimas temporadas, cedendo-os ao Minnesota Timberwolves, em troca de Robert Covington..

Luiz Alberto Machado - Economista, graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Mackenzie, mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa (Portugal), é sócio-diretor da empresa SAM - Souza Aranha Machado Consultoria e Produções Artísticas e diretor adjunto do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Foi presidente do Corecon-SP e do Cofecon.

 

 

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