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Ibovespa recua 1,49% com pressão do exterior e ata do Copom; dólar sobe 0,42% e vai a R$ 4,98

O Ibovespa fechou em queda de 1,49% nesta terça-feira (26), aos 114.193 pontos, acompanhando o exterior e também pressionado pela publicação da ata do último Comitê de Política Monetária (Copom).

Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 1,14%, 1,47% e 1,57%.

Por lá, investidores continuam monitorar a questão dos treasuries yields, que vêm subindo praticamente de forma ininterrupta desde a última quarta-feira, quando o Federal Reserve manteve os juros entre 5,25% e 5,5% – mas com o presidente da instituição, Jerome Powell, mais duro em seu comunicado.

“Hoje, os dados da Confiança do Consumidor e o Relatório de Vendas de Casas nos EUA alimentaram preocupações sobre a economia norte-americana. Essas preocupações se somam às notícias negativas da agência de classificação de risco Moody’s, que alertou sobre o possível impacto na nota de crédito dos EUA se não houver um acordo orçamentário”, fala Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.

Além dos dados econômicos sugerirem que a economia americana está desaquecendo, políticos do Congresso americano ainda mostram divergências quanto à discussão orçamentária.

A agência de classificação de risco Moody’s alertou ontem que um “shutdown” (causado pela não aprovação das contas) desta vez teria implicações negativas para a classificação de crédito AAA do governo dos EUA. O motivo é que há uma polarização política acentuada, há pouco mais de um ano da próxima eleição presidencial.

“A gente teve uma manchete chamativa do Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, falando sobre juros americanos em 7%. Claro que é uma caricatura, mas ele está chamando atenção para a chance de um no landing”, explica Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, com a possibilidade da maior economia do mundo se manter aquecida.

“Não ajuda também o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participando de greve. É a primeira vez na história e estão pedindo um reajuste salarial muito elevado, que, claro, aciona aquele gatilho de espiral preço-salário”, acrescenta. 

 

Tudo isso fortaleceu o dólar mundialmente, com o DXY, que mede a força da divisa americana frente a outras de países desenvolvidos, ganhando 0,17%, aos 106,18 pontos. Frente ao real a alta foi de 0,42%, a R$ 4,987 na compra e na venda.

Fora as questões vindas dos Estados Unidos, a China também não ajudou. Preocupações com o setor imobiliário do gigante asiático derrubaram o preço do minério e, decorrentemente, os papéis ordinários da Vale (VALE3), que caíram 1,56%.

Desde ontem, investidores monitoram de perto a questão da Evergrande, após a maior construtora do gigante asiático ter deixado de honrar o pagamento de juros em uma de suas subsidiárias.

“Os papéis da Vale refletem muito as incertezas envolvendo o setor imobiliário chinês”, fala Spiess. “E, enquanto isso, para piorar, a gente volta a ter Brent subindo, voltando a ficar acima de R$ 95,00, o que é também é um vetor inflacionário. Com isso, claro, não podia ser diferente, a gente tem um dia muito ruim para a bolsa brasileira”.

Por fim, apesar do IPCA-15 ter vindo dentro do esperado, o Ibovespa também sofreu um pouco com a publicação da ata do Copom. 

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de cortes de juros, uma vez que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária à frente.

Mirella Hirakawa, economista da AZ Quest, por exemplo, comenta que a Ata coloca não só argumentos para justificar a não aceleração nesse momento, mas também para questionar o ciclo como um todo.

“O primeiro ponto que trazem é que o momento atual é de muita cautela em relação ao setor externo, o segundo são os riscos que vêm com a atividade econômica mais forte que o esperado”, afirma, destacando ainda a cautela com a situação fiscal, o principal motivo para a elevação do prêmio de risco da inflação implícita.

A curva de juros brasileira fechou com forte alta. Os DIs para 2025 ganharam 19 pontos-base, a 10,75%, e os para 2027, 28 pontos, a 11,21%. As taxas dos contratos para 2029 subiram 28 pontos, a 11,44%, e as dos para 2031, também, indo a 11,75%.

Entre as maiores quedas do Ibovespa ficaram companhias ligadas ao mercado interno, de crescimento e mais alavancadas. As ações ordinárias da Petz (PETZ3) perderam 5,60%, as do GPA (PCAR3), 5,10%, e as da Lojas Renner (LREN3), 4,64%.

Fonte : Infomoney
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