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Analistas dizem que produção industrial deve continuar inibida, especialmente de bens de capital e duráveis

queda de 0,2% na produção industrial em fevereiro, a terceira retração mensal seguida divulgada pelo IBGE mostra um quadro de estagnação com comportamentos distintos entre as atividades que deve permanecer ao longo do ano, segundo analistas. O diagnóstico é que as condições de crédito mais restritas devem continuar a inibir as categorias de bens de capital e duráveis, enquanto o segmento de não-duráveis ainda pode receber estímulos da manutenção dos auxílios às famílias.

Na análise do Banco Original, levando em consideração um quadro no qual a taxa de juros se mantenha em nível alto e o contexto de crédito conturbado, a contração do setor industrial tende a se manter.

“Sobretudo pela maior percepção de risco por parte das empresas, a obtenção de financiamentos se torna mais difícil, contraindo o setor. Um ponto contrário pode ser a atuação governamental com medidas direcionadas à infraestrutura nacional, com iniciativas como o programa de habitação Minha Casa, Minha Vida”, comentam os economistas Marco. Caruso e Igor Cadilhac.

Ele projetam para 2023 uma queda de 0,9% da produção industrial brasileira, estimativa que reflete preocupações como a queda dos preços de commodities, em prejuízo das exportações, e comprometimento alta da renda das famílias, o que afeta o consumo de bens de maior valor agregado e dependentes de crédito.

Par os economistas, ainda deve ser colocado na conta a sequência de recuperações judiciais e a perspectiva de elevação de impostos, que influenciam negativamente a confiança do setor.

Sobre o desempenho no mês, Caruso e Cadilhac, destacaram que a indústria extrativa mostrou forte alta (+4,6%), enquanto a indústria de transformação recuou (0,5%). A produção industrial, lembram, se encontra 2,6% abaixo do nível pré-pandêmico.

 

 

Entre as atividade da indústria de transformação que registraram contração na comparação com o mês anterior, os economistas do Original destacaram os produtos alimentícios (-1,1%) e os farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%).

Nos alimentos, houve uma contribuição importante da suspensão temporária de exportações de carne bovina para a China em fevereiro, após o registro de um caso atípico de mal da vaca louca no final no País.

“No campo positivo o destaque ficou com a indústria extrativa, que intensificou a expansão de janeiro (3,4%) e teve alta de 4,6%. Entendemos que esse movimento é reflexo de um cenário internacional favorável no período, principalmente com uma reabertura chinesa antes do esperado”, comentam.

Já sob ótica das categorias, os bens de capital tiveram uma expansão modesta de 0,1% no mês, insuficiente para compensar a queda de 4,4% observada em janeiro. “Analisando estes dados em conjunto com os insumos típicos para a construção civil, que servem como proxy do PIB de investimentos, percebemos que os desempenhos tiveram uma melhora na ponta, mas ainda estão bem modestos”, avaliam.

O Santander Brasil também classificou os dados por categorias de fevereiro como “uma sacola mista”, com contribuição positiva de bens de capital e intermediários e contração nos bens de consumo, especialmente nos duráveis. “Na abertura, 16 das 25 atividades industriais cresceram na margem, com o índice de difusão atingindo 64%, ante 56% em dezembro”, comentou o banco

“Em suma, mais um resultado negativo da produção industrial, com quebra mista em fevereiro”, afirmou o análise do Santander.

 

 

Aperto financeiro

O economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, também destaca o reflexo das condições financeiras mais apertadas no comportamento da indústria, embora com sinais mistos entre as categorias.

A produção de bens de capital, por exemplo, contraiu cerca de 4% no trimestre móvel até fevereiro, também refletindo a menor lucratividade das empresas e as perspectivas de baixo crescimento econômico. A categoria de bens de consumo duráveis, por sua vez, já registra duas quedas consecutivas na comparação mensal.

Do lado positivo, Margato cita a produção da indústria extrativa, “que se recuperou fortemente nos últimos meses, enquanto os bens de consumo semi e não duráveis – mais sensíveis à renda disponível – permaneceram em alta, ainda que a um ritmo moderado.”

Segundo os cálculos da XP, a produção industrial avançará 0,5% em 2023. A estimativa preliminar para março indica crescimento de 1,4% frente a fevereiro e de 1,0% ante março de 2022.

“A nosso ver, o volume produzido no setor oscilará na margem, mas continuará a apresentar tendência de virtual estagnação este ano. O PIB da indústria deve recuar 0,1% em 2023, enquanto o PIB total deve subir 1,0%”, afirma.

Além do impacto dos juros no crédito, consumo e produção, o Goldman Sachs também cita os retornos marginais decrescentes da normalização da atividade “pós-pandemia” como fator de amenização para a produção industrial em 2023.

O banco de investimentos prevê uma contração de 0,5% no primeiro trimestre ante o trimestre anterior e de 0,9% no ano.

Para o BTG Pactual, 2023 deve mostrar a continuidade do cenário de uma indústria mais enfraquecida, impactada negativamente pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração do cenário global.

“Nesse sentido, nossa expectativa é de uma menor demanda entre os segmentos pesquisados, pautada também pelo impacto dos efeitos defasados da taxa de juros sobre o consumo das famílias e a alocação de capital das companhias doméstica.”

Fonte : Infomoney

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