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Americanas (AMER3): quais os possíveis impactos para lucro e patrimônio dos bancos mais expostos à varejista?

Fachada de uma loja da Americanas (Foto: Divulgação)

Desde que a Americanas (AMER3) anunciou inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões, analistas de mercado vêm traçando cenários sobre o impacto para diferentes setores, incluindo o de bancos.

Cabe destacar que houve uma escalada do temor para os ativos das instituições financeiras no último fim de semana, após a Americanas conseguir decisão da Justiça protegendo-a por 30 dias contra vencimento antecipado de dívidas, prazo que a varejista poderá usar para obter uma acordo com credores ou pedir uma recuperação judicial.

Eventuais alterações no balanço da varejista decorrentes do anúncio das inconsistências de R$ 20 bilhões, segundo a decisão, “poderão repercutir no grau de endividamento da empresa e no capital de giro mínimo (…) acarretando o descumprimento de cláusulas de covenants financeiros culminando no vencimento antecipado de dívidas da ordem de R$ 40 bilhões”.

 

Neste cenário, analistas apontam que os credores brasileiros BTG Pactual (BPAC11), Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) estão entre os bancos mais expostos à dívida da Americanas (AMER3).

No sábado, cabe ressaltar, o BTG entrou com um recurso contra a decisão que protegia a Americana dos credores, tecendo críticas também aos acionistas da varejista, trio de bilionários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que também são fundadores da 3G Capital. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, o BTG Pactual  deu início a um processo arbitral em São Paulo contra a varejista por quebra de contrato de crédito.

Conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos, dentre os credores, o banco que possui maior exposição absoluta às dívidas já anunciadas – que totalizam cerca de R$ 19 bilhões com os bancos – é o Bradesco (BBDC4), com R$ 4,8 bilhões. No entanto, dentre os grandes bancos, o BTG Pactual (BPAC11) tem o maior potencial de risco em proporção ao tamanho da sua carteira de crédito, tendo se mostrado um dos maiores engajados em exercer suas garantias, já tendo acionado a justiça para reversão da tutela de urgência.

Na segunda-feira, o Bank of America e o Banco Votorantim também recorreram da decisão judicial, segundo coluna do jornal O Globo.

 

 

“Cabe ressaltar que o mapeamento de dívidas está relacionado ao saldo já anunciado em balanços anteriores; em relação à dívida ainda não reconhecida de R$ 40 bilhões, as origens ainda são incógnitas”, avalia a Levante.

Olhando para as estimativas do JPMorgan e do Citi, o BTG tinha R$ 1,9 bilhão em exposição real à Americanas, que representava cerca de 1,5% de seus empréstimos, enquanto o Bradesco tinha exposição de 0,5% dos empréstimos. O Banco Santander tinha R$ 3,7 bilhões em risco, ou cerca de 0,6% dos empréstimos.

“Estimamos que o impacto de nossa cobertura pode variar de 1% a 7% no lucro líquido e de 0,1% a 1% no patrimônio líquido”, disse o Citi, observando que Santander Brasil, BTG e Bradesco seriam os mais atingidos em ambos os casos.

“Classificados por exposição, BTG Pactual (1,6%), Santander (0,6%) e Bradesco (0,5%) têm a maior exposição como percentual dos empréstimos. Os níveis mais baixos de exposição vêm de Banco do Brasil (0,1%) e Itaú (0,3%)”, escreveram os analistas do Citi em relatório, acrescentando que a avaliação considera dados publicados pelo Valor Econômico sobre a dívida permanente da Americanas com os bancos, além de estimativas do próprio Citi quanto à carteira de empréstimos do primeiro trimestre de 2023.

Para o Citi, o impacto no lucro líquido para o nível de provisionamento é de 4,0% a 6,7% para o Santander; de 3,3% a 5,6% para o BTG; e de 2,9% a 4,9% para o Bradesco. Já o impacto no patrimônio é de 0,7% a 1,1% para Santander; de 0,6% a 1,1% para BTG; e de 0,4% a 0,7% para Bradesco.

As ações do BTG caíram mais de 4% na segunda-feira, enquanto os do Santander Brasil e do Bradesco tiveram baixa de mais de 3% cada, em comparação com uma queda de 1,5% no índice de ações de referência Ibovespa. Na sessão desta terça, os ativos têm uma sessão de recuperação, com BPAC11 subindo cerca de 4%, BBDC4 em leve alta de 0,62% e SANB11 com ganhos de 1,75% no fim da tarde.

 

 

Com base em casos anteriores, analistas do JPMorgan estimam que os bancos devem começar a provisionar cerca de 30% da exposição à Americanas, o que pode eventualmente subir a depender do desfecho de eventual pedido de recuperação judicial.

“Embora tivéssemos provisões crescentes no próximo ano para a maioria dos bancos, nossos números ainda não refletem um caso corporativo tão significativo”, afirmaram Domingos Falavina e equipe do JP em relatório a clientes, destacando que não veem grande impacto no nível de capital dos bancos.

“Não foi um bom começo para 2023, mas os bancos podem tentar antecipar as provisões já no quarto trimestre (de 2022) e começar 2023 com uma ficha limpa”, apontaram os analistas.

O Citi ressalta que, apesar de o Santander, o BTG e o Bradesco serem os mais impactados nos níveis de lucro líquido e patrimônio com o caso da Americanas, na visão da instituição, este continua sendo mais um caso isolado do que uma tendência entre as empresas, o que faz com que o impacto seja limitado no setor.

 

A Genial Investimentos ressalta que, com a potencial entrada em recuperação judicial (RJ), os bancos terão que provisionar necessariamente 30% da dívida reportada e não reportada pelas Americanas.

“Em adição a esse impacto, os bancos também encarteiram muitas vezes as debêntures e bonds de vários clientes como uma forma de empréstimo indireto. Ou seja, aproximadamente R$ 12 bilhões irão transitar nos balanços dos bancos no 1T23”, avaliam os analistas.

Fonte : Infomoney

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