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Fed eleva juros em 0,75 ponto percentual e reforça compromisso em trazer inflação de volta à meta

O Federal Reserve anunciou a sua decisão de política monetária na tarde desta quarta-feira (15) com a elevação dos juros em 0,75 ponto percentual, para uma faixa de 2,25% a 2,50%, em linha com a média das previsões do mercado. A decisão foi unânime. Este foi o segundo aumento dessa magnitude e a quarta alta seguida da taxa este ano.

“Os indicadores recentes de gastos e produção se suavizaram. No entanto, os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões mais amplas sobre os preços”, diz o comunicado que acompanhou a decisão.

O Comitê prevê que os aumentos contínuos serão apropriados. Além disso, afirma que continuará reduzindo participações em títulos do Tesouro e dívida e títulos lastreados em hipotecas. “O Comitê está fortemente comprometido em devolver a inflação ao seu objetivo de 2%”, diz o texto.

O comunicado também afirma que as avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação e desenvolvimentos financeiros internacionais.

“A decisão foi unanime e eles estão comprometidos com esse objetivo de 2%, o que não vai ser um trabalho muito fácil, principalmente porque continuam indicando que os dados estão fortes, principalmente os de mercado de trabalho. Se o Fed está fortemente comprometido em trazer a inflação para a meta e o cenário não melhora, vai ter muita coisa para subir de taxa ainda”, afirma Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.

Espinhel diz que apostar em uma alta de 50 pontos base na próxima reunião pode “ser meio fora da realidade”.

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, comenta a decisão do colegiado. Ele afirma que outro ajuste “atipicamente grande” poderia ser necessário. Mas, a decisão vai depender de indicadores que saírem até o próximo encontro. “Analisaremos a magnitude do ajuste reunião por reunião”, disse Powell, reforçando que a autoridade monetária poderá avançar em território contracionista, se assim for necessário.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembra que o intervalo até a próxima reunião do Fomc é de sete semanas e muitos indicadores estão previstos até lá. “Tem dois relatórios de mercado de trabalho, o PIB do segundo trimestre, dados de atividade e inflação. Entendo que ainda vai ter muita volatilidade”, afirma.

Na coletiva de imprensa após a decisão do Fomc, Powell foi questionado sobre a possibilidade de uma recessão. O chairman respondeu que é desacelerar o crescimento da economia é necessário e isso provavelmente vai acontecer este ano. Porém, voltou a dizer que o a autoridade monetária trabalha para fazer um pouso suave – controlar a inflação, sem provocar uma recessão.

“Eu não acredito que os Estados Unidos estão em uma recessão. E a razão disso é que há diversas áreas da economia que estão performando muito bem. Apontaria para o mercado de trabalho, principalmente”, afirmou.

“Vamos estar focados em colocar a inflação pra baixo. Nada funciona na economia sem estabilidade de preço”, disse Powell.

Para Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, a mensagem de Jerome Powell é a de que o FED não quer se comprometer com o mercado, por não tem certeza de como irão vir os indicadores da economia até a próxima reunião.

“Comprometimento ele tem com o controle de inflação, como foi dito no pronunciamento, e  não esperamos um arrefecimento forte da inflação, dos dados de mercado ou dos preços (que já aliviaram comparando à última reunião)”, diz o especialista.

Espinhel diz não ver motivo para a “alegria” dos mercados com as falas de Powell. “Só consigo ver ainda mais incertezas, o que não permite tomar uma posição confiante de que o FED irá conseguir fazer um ‘pouso suave'”, diz.

Erramos: a inflação nos Estados Unidos é a maior em 40 anos, e não em 20 anos, como dizia anteriormente o título da reportagem. O erro foi corrigido. 

Fonte : Infomoney

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