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Ibovespa fecha em queda de mais de 2% em sessão tumultuada com risco de inflação e economia estagnada; dólar sobe a R$ 5,44

baixa gráfico índice
(Getty Images)

SÃO PAULO – O Ibovespa zerou os ganhos da última segunda-feira em uma sessão tumultuada, com direito a instabilidade nos meios de comunicação e novos indícios de que o problema da inflação global pode ser mais grave do que parece. As principais Bolsas no exterior também fecharam em baixa. Das empresas que fazem parte do principal índice de ações no Brasil, apenas quatro fecharam com alta. Até ações que disparavam de preço no período da manhã, zeraram ganhos e inverteram sinal.

“A Bolsa está em um momento muito baixo e alguns papéis chegaram ao mesmo nível de quando estourou a pandemia, em março do ano passado”, alerta Fernanda Melo, sócia da HCI Invest. Segundo ela, as ações estão descontadas, visto que as empresas apresentaram bons resultados no trimestre passado. Fernanda diz que pode ser uma boa oportunidade para compras, porém não dá para contar com uma recuperação dos preços no curto prazo.

“Nossa Bolsa não é tão fundamentalista assim, ela acaba respondendo mais à volatilidade dos mercados”, explica Fernanda.

 

O Ibovespa fechou a segunda-feira em queda de 2,2%, aos 110.393 pontos. O volume negociado foi de R$ 33,056 bilhões.

O dólar disparou para o maior patamar em quase dois meses, mesmo com o leilão de swap do Banco Central que ofertou 15 mil contratos. O dólar comercial subiu 1,44%, a R$ 5,446 na compra e R$ 5,447 na venda. O dólar futuro com vencimento em novembro de 2021 avançava 1,54% a R$ 5,467, nos negócios do after market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base, a 7,22%; DI para janeiro de 2023 avançou sete pontos-base, a 9,20%; DI para janeiro de 2025 também teve alta de sete pontos-base a 10,22%; e o DI para janeiro de 2027 também registrou variação positiva de oito pontos-base a 10,60%.

Nos Estados Unidos, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano voltaram a subir, refletindo a perspectiva de alta da inflação no país, e consequentemente, a de alta dos juros. Novamente, ações das empresas de tecnologia, as que mais tomam crédito para investir em expansão, foram penalizadas, puxando as Bolsas em Nova York para baixo.

Entre as maiores perdas do dia estão as ações do Facebook, que virou centro de um escândalo após uma ex-funcionária vazar documentos à imprensa e ao Congresso americano, mostrando que executivos da empresa estavam cientes de impactos negativos da plataforma para os jovens. A situação piorou após instabilidade nas redes da empresa, que além do Facebook, afetou o Whatsapp e o Instagram. Além do Brasil, outras países também tiveram o mesmo problema.

 

O presidente Joe Biden endureceu o discurso sobre o aumento do teto dos gastos nos Estados Unidos, afirmando que os republicanos “precisam sair da frente” para que a proposta seja aprovada ainda esta semana. Já na sexta-feira, dados do mercado de trabalho americano podem trazer um cenário mais preciso sobre a situação do país.

“Se o dado não for robusto, só vai confirmar que podemos estar entrando em num momento de ‘estagflação’, em que os preços sobem sem a economia crescer de fato”,  afirma Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria.

As Bolsas em Nova York fecharam em forte queda. O Dow Jones caiu 0,94% a 34.002 pontos; S&P 500 recuou 1,3%, a 4.300 pontos; a Bolsa tecnológica Nasdaq despencou 2,14% a 14.255 pontos.

A cotação do petróleo no mercado internacional voltou a subir hoje depois que a a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) manteve o nível de produção para novembro em 400 mil barris de petróleo por dia. A expectativa era que a oferta fosse maior, com preocupações de que o alto preço da matéria-prima contribua com a inflação global e a seja obstáculo à retomada econômica pós-pandemia.

O preço do barril do petróleo Brent, para dezembro de 2021, supera os US$ 81, com alta de mais de 2% nos negócios desta segunda-feira. O WTI para novembro de 2021 se aproxima dos US$ 78.

No Reino Unido, o exército britânico foi destacado para levar combustível aos postos de algumas regiões, diante da falta de caminhoneiros para fazer o transporte do produto. De acordo com especialistas ouvidos pela CNBC, o problema pode se espalhar por outros países da Europa.

A Bolsas europeias também fecharam a segunda-feira em queda. O índice Stoxx 600, que reúne ações de 600 empresas dos principais setores em 17 países europeus, recuou 0,47%. A Bolsa de Londres (FTSE 100) fechou em baixa de 0,23% e Frankfurt (DAX) recuou 0,79%.

De volta ao Brasil, a investigação batizada como “Pandora Papers” feita pela revista Piauí, pela Agência Pública e pelos sites Poder360 e Metrópoles, apurou que que Paulo Guedes, ministro da Economia, e Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, possuem ou chegaram a ter empresas offshore em paraísos fiscais. Ainda que especialistas vejam conflitos de interesse no caso, a denúncia não chegou a ter impacto relevante nos mercados hoje, mas segue no radar de alguns investidores.

 

“Ainda podemos ter novos capítulos quanto a esta novela, inclusive com a oposição já solicitando a abertura de investigações”, afirma Sidney Lima, especialista em investimentos da Top Gain.

“Ainda temos um contexto interno bem ruim. O governo sinaliza que pode trazer o orçamento do auxílio emergencial para o Bolsa Família turbinado [Auxílio Brasil]. O Congresso também dá a entender que a reforma tributária não vai dar cabo de financiar o benefício, então essas questões fiscais trazem ainda mais volatilidade”, afirma Espinhel.

Outro assunto que vai seguir no radar é o risco de falência do Evergrande, o segundo maior conglomerado da China, que tem uma dívida superior a US$ 300 bilhões. A negociação dos papéis da empresa foram pausadas, em meio a temores sobre a saúde da incorporadora. Além disso, as negociações dos papéis da subsidiária Evergrande Property Services também foram interrompidas. A empresa afirma que espera-se um anúncio quanto a uma “possível oferta geral por ações da companhia”.

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