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Ibovespa fecha no 2º pior nível do ano em queda de 3%; dólar sobe a R$ 5,42

 

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte queda na sessão desta terça-feira (28), encerrando o dia em seu segundo pior nível de fechamento do ano pressionado pelo dia bastante negativo em Wall Street. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram o dia com perdas entre 1,6% e 2,9%.

As ações que mais contribuíram para o desempenho negativo aqui foram Vale (VALE3), que caiu 5%, e bancos. Esses papéis empurraram o índice para baixo junto com questões como a pressão sobre a Petrobras (PETR3PETR4) por conta dos preços de combustíveis. As ações da estatal recuaram perto de 0,7%.

Segundo Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, o desempenho fortemente negativo da Bolsa hoje se deveu a uma série de fatores, que vão do ambiente ruim na Europa, com o aumento dos preços do gás natural, à possibilidade de paralisação do governo americano e a continuidade dos ruídos vindos de Brasília.

 

“Os estoques de gás europeus estão baixos, algumas energias renováveis tiveram problema este ano, e o fato é que vários governos como de Itália, Espanha e Grécia anunciaram que darão subsídio ao consumidor na conta de gás”, explica o economista.

Em relação à Vale, o papel reagiu às preocupações com a oferta de energia da China conforme as restrições ao uso do carvão no país começam a impactar indústrias como a siderúrgica. Importante lembrar que diversas empresas reduziram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) da China. Na segunda, o Goldman Sachs cortou sua expectativa sobre o crescimento do PIB do país de 8,2% para 7,8%. O Nomura reduziu sua previsão de 8,2% para 7,7%.

Hoje foi um dia negativo também em Wall Street, onde os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram na esteira do aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, que chegaram a 1,558% saindo de 1,482%. As apostas são de que o banco central americano realmente irá cortar seu programa mensal de estímulos.

Também no radar, o petróleo virou para queda após o barril do Brent bater brevemente os US$ 80 durante a sessão em meio a preocupações com a oferta devido aos furacões Ida e Nicholas, e com possibilidade cada vez maior de uma crise global de energia.

Houve atenção ainda para discursos de Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, e de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, no Senado americano. Powell disse que a economia dos EUA está longe de alcançar o pleno emprego, e que este é um componente importante dos critérios para elevar as taxas de juros.

Já Yellen avisou a parlamentares que o governo pode ficar sem dinheiro até 18 de outubro a menos que o Congresso aja para elevar o teto da dívida federal.

 

Os EUA passam por um risco de paralisação do governo se um novo orçamento não for aprovado até quinta-feira, quando deve ser votado na Câmara o projeto de US$ 1 trilhão em investimentos em infraestrutura proposto pelo presidente Joe Biden e já aprovado no Senado.

Por aqui, os investidores repercutiram a pressão sobre a Petrobras devido aos preços de combustíveis. Depois de 85 dias a estatal aumentou o valor do diesel nas refinarias de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,25 por litro, ou uma alta de 8,90%.

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que os deputados buscarão alternativas para para evitar novos reajustes em combustíveis e no gás de cozinha. O tema será discutido na reunião do Colégio de Líderes prevista para a próxima quinta-feira. Segundo Lira, o Brasil não pode tolerar gasolina a quase R$ 7 e o gás a R$ 120.

Mais tarde, ele afirmou que o Congresso vai discutir um projeto sobre um valor fixo para o ICMS dos combustíveis como forma de buscar uma redução do preço do insumo. Em evento em Alagoas, Lira repetiu argumento do presidente Jair Bolsonaro, que também estava presente, ao afirmar que o imposto estadual é o responsável pelo preço caro dos combustíveis.

Para Attuch, há pouco risco de mudança na política de preços da Petrobras, uma vez que o estatuto é bem diferente do que era em gestões passadas e os conselheiros poderiam ir embora se houver intervenção do Estado. No entanto, ele acredita que é mais um ruído para prejudicar o ambiente de investimentos.

“A soma de tudo isso obriga no Brasil o investidor a estar diversificado interna e internacionalmente”, sentencia.

Outro fator que impactou o mercado hoje foi a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), segundo a qual o Banco Central ponderou subir os juros para além do ajuste de 1 ponto que acabou adotando, mas chegou à conclusão que a dose era adequada.

De acordo com Gustavo Cruz, estrategista da RB, a novidade do documento é deixar o cenário um pouco mais aberto para elevações da Selic em mais de um ponto. Para ele, quando a ata diz que “essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego” o BC mostra que não está olhando só para a inflação, mas também para como não penalizar tanto a atividade e o mercado de trabalho.

 

“Entendo que ele faça duas altas de 1 ponto até o final do ano. Porém, com esse texto de hoje ele deixou mais aberto para que se as coisas até exatamente daqui um mês, no final de outubro, piorarem bastante em termos de inflação, expectativas e riscos fiscais, ele possa fazer uma alta maior”, avalia.

Depois do fechamento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participa de dois eventos, e às 14h30 (horário de Brasília) sai o resultado consolidado do governo central.

O Ibovespa teve queda de 3,05%, a 110.123 pontos com volume financeiro negociado de R$ 36,134 bilhões. Foi a maior baixa do índice em um único dia desde 8 de setembro, quando o benchmark despencou 3,78% na esteira dos atos pró-governo do dia 7.

Também foi o segundo pior patamar de fechamento do Ibovespa no ano, atrás apenas do dia 20 de setembro, quando a Bolsa encerrou a sessão cotada a 108.844 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,85% a R$ 5,424 na compra e a R$ 5,424 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em outubro registra ganhos de 0,66% a R$ 5,432 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu três pontos-base a 7,18%, DI para janeiro de 2023 teve alta de nove pontos-base a 9,17%, DI para janeiro de 2025 avançou 12 pontos-base a 10,29% e DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de 10 pontos-base a 10,68%.

Os mercados europeus também refletiram as incertezas em relação às eleições na Alemanha, após a votação no domingo. O Partido Social Democrata (SPD na sigla em alemão) obteve a maior parcela dos votos, 25,7%, enquanto que o bloco de tendências de direita de Angela Merkel, formado por União Democrática Cristã e União Social Cristã, obteve 24,1% dos votos.

Agora, é provável que as negociações entre esses dois grandes partidos e dois partidos menores, o Verde e os Democratas Livres, levem semanas, ou mesmo meses.

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