Topo

Ibovespa fecha em queda de 3,8%, a maior desde março, e vai aos 113 mil pontos; dólar dispara a R$ 5,32

 

SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em forte queda nesta quarta-feira (8), mostrando um desempenho bem mais negativo do que o das bolsas de Wall Street, que tiveram leves perdas. Por aqui, o nervosismo veio na esteira do noticiário político depois das manifestações da véspera, que levaram mais de 400 mil apoiadores do presidente Jair Bolsonaro a Brasília e outras milhares de pessoas a cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Durante o ato, Bolsonaro atacou novamente os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, além de fazer ameaças também para o presidente da Corte, ministro Luiz Fux. “Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos“, disse.

Bolsonaro disse ainda que não vai mais cumprir as decisões de Moraes, declaração que foi alvo do ponto mais forte do discurso de resposta do ministro Luiz Fux hoje. Para o presidente do STF, incitação ao não cumprimento de decisões judiciais é “crime de responsabilidade” que deveria ser analisado pelo Congresso.

 

Mais cedo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que não admitirá questionamentos sobre o que chamou de “decisões tomadas e superadas” – citando a pauta do voto impresso, derrotada no Congresso Nacional, e defendeu a reabertura do diálogo entre os Três Poderes. Contudo, Lira não citou a possibilidade de impeachment, algo que foi implicitamente sugerido por Fux quando este falou em “crime de responsabilidade” de Bolsonaro.

No Senado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu suspender todas as sessões do plenário e de todas as comissões, paralisando inclusive a tramitação de projetos que interessam ao governo.

De acordo com Lucas Fiorelli, sócio da HCI Invest, quando Bolsonaro sobe o tom se espera uma reação do outro lado. “O mercado está em um cenário de cautela e deve ficar encaixotado entre 115 mil e 120 mil pontos até que os poderes se entendam, o que não é o cenário que eu estou vendo. Os próximos dias serão fundamentais para saber se haverá uma ruptura de vez ou um acordo com uma agenda pró-Brasil.”

Sobre as manifestações, para Carlos Melo, professor do Insper, elas apresentaram quórum abaixo das sinalizações feitas pelos organizadores ao longo da semana e o bolsonarismo também não conseguiu ampla adesão, mesmo em setores mais próximos, como evangélicos, ruralistas, caminhoneiros e policiais militares.

“A força que o presidente queria demonstrar ficou aquém da expectativa”, afirmou. “Esperava-se que o presidente mobilizasse os céus e o inferno: envolvimento com polícias militares, setores que poderiam estar armados. Nada disso ocorreu – é positivo, mas também tira um pouco da expectativa”.

 

Mesmo com o revés de Bolsonaro, o especialista vislumbra um cenário de forte turbulência à frente, sobretudo com o presidente dobrando a aposta nos atritos contra o STF e até mesmo falando sobre uma possível convocação do Conselho da República.

Lá fora, as bolsas internacionais tiveram leves quedas em meio a uma reavaliação global sobre o ritmo de retomada do crescimento econômico no pós-pandemia. Na semana passada, o Relatório de Emprego dos Estados Unidos frustrou ao mostrar a criação de 235 mil vagas em agosto, contra 750 mil esperadas.

O Ibovespa teve queda de 3,78%, a 113.412 pontos com volume financeiro negociado de R$ 36,453 bilhões. Foi a maior baixa da Bolsa em um só pregão desde o dia 8 de março, quando o principal índice acionário da B3 recuou 3,98%.

Enquanto isso, o dólar comercial fechou em alta de 2,89% a R$ 5,325 na compra e a R$ 5,326 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em outubro registra ganhos de 3,07% a R$ 5,346 no after-market.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu sete pontos-base a 6,96%, DI para janeiro de 2023 teve alta de 13 pontos-base a 8,78%, DI para janeiro de 2025 avançou 24 pontos-base a 10,06% e DI para janeiro de 2027 teve variação positiva de 26 pontos-base, a 10,54%.

 

Voltando ao exterior, historicamente, setembro vem sendo um dos mês mais fracos do ano. Há temor de que os preços sofram fortes oscilações, especialmente quando se leva em consideração que o S&P subiu cerca de 20% no ano, sem ter passado por um único recuo de 5%.

Na quarta, o Departamento de Emprego divulgará sua pesquisa sobre Abertura de Vagas e Rotatividade da Mão de Obra. Além disso, o Federal Reserve lançará o seu Livro Bege, que traz uma descrição sobre a atividade em 12 distritos.

Anteriormente, o presidente do Fed, Jerome Powell afirmou que o banco central americano deve reduzir o ritmo de seu programa de compra de títulos, que vem injetando mensalmente US$ 120 bilhões na economia. Mas ele afirmou que o movimento está atrelado a sinais de fortalecimento do mercado de trabalho.

No final de semana, o banco Goldman Sachs reduziu a sua perspectiva econômica para os Estados Unidos, citando a redução de estímulos fiscais e o avanço da variante Delta do coronavírus, o que pode estar contribuindo para os resultados modestos dos futuros americanos nesta quarta.

O banco vê crescimento e 5,7% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, abaixo do consenso do mercado, de 6,2%. O banco também reduziu sua perspectiva para o PIB no quarto trimestre de 6,5% a 5,5%.

Em sua nota, o banco afirmou: “Os obstáculos para o crescimento do consumo no futuro parecem muito maiores: a variante Delta já está pesando sobre o crescimento no terceiro trimestre, e a redução dos estímulos fiscais e uma recuperação mais lenta do setor de serviços devem trazer problemas no médio prazo”.

Já na Ásia, a economia do Japão avançou 1,9% no trimestre entre abril e junho, em comparação com o mesmo período do ano anterior, acima da estimativa inicial de alta de 1,3%.

Covid

 

Na terça (7), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 526, patamar 27% abaixo daquele de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 342 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 19.102, queda de 28% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 13.868 novos casos.

Chegou a 135.423.423 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 63,48% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 67.924.559 pessoas, ou 31,84% da população.

A dose de reforço foi aplicada em 1.034 pessoas, ou 0,01% da população.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou na segunda-feira que iniciou os procedimentos internos para eventual inspeção presencial de unidade do laboratório Sinovac na China responsável pelo envase de 12,1 milhões de doses da vacina contra Covid-19 CoronaVac que tiveram o uso proibido pela agência.

No sábado, a Anvisa determinou a interdição cautelar dos lotes da CoronaVac, proibindo a distribuição e uso, por terem sido envasados em planta não aprovada na autorização de uso emergencial obtida pelo Instituto Butantan, responsável pela vacina no Brasil.

“Para que ocorra a revogação das medidas cautelares e liberação das vacinas, é necessário que sejam comprovadas as boas práticas de fabricação da empresa”, disse a Anvisa.

Além disso, o governo do estado de São Paulo informou na terça que Bolsonaro foi autuado pela vigilância sanitária do Estado de São Paulo por não usar máscara ao participar de um ato com apoiadores na Avenida Paulista que teve como mote principal críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Além do presidente, mais 13 autoridades e personalidades que o acompanhavam também foram autuadas pela vigilância sanitária de SP, incluindo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e parlamentares.

“Todos os cidadãos, incluindo figuras públicas e políticas, devem zelar pela proteção individual e coletiva. A manutenção das medidas preventivas já conhecidas e preconizadas pelas autoridades sanitárias nacionais e internacionais, que incluem o uso de máscara, seguem cruciais para prevenção contra Covid-19”, disse o governo paulista em nota.

Essa é a sétima vez que Bolsonaro recebe uma multa em São Paulo por descumprir normas sanitárias relacionadas ao enfrentamento à pandemia de Covid-19. Além do não uso de máscara, ele também já foi multado por estímulo e envolvimento em ações de risco à saúde pública, segundo o governo paulista.

Tags:

FENECON - Federação Nacional dos Economistas  
Rua Marechal Deodoro, nº 503, sala 505 - Curitiba - PR  |  Cep : 80.020-320
Telefone: (41) 3014 6031 e (41) 3019- 5539 | atendimento: de 13 às 18 horas | trevisan07@gmail.com e sindecon.pr@sindecon-pr.com.br