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PIB brasileiro cresce acima do esperado no 1º tri e gera onda de revisões positivas para 2021

(Shutterstock)

*Notícia atualizada às 18h44 (horário de Brasília) desta terça-feira (1) para acréscimo de informações. 

SÃO PAULO – O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 na comparação com o trimestre anterior e 1% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 2,048 trilhões. O resultado foi acima dos 1% e 0,8%, nas comparações trimestral e anual respectivamente, esperados pelo mercado segundo estimativas compiladas pela Refinitiv.

Esse dado melhor que o esperado levou a uma onda de revisões das projeções de bancos, corretoras e casas de análise para o desempenho da atividade econômica no ano de 2021. Quando não fomentou uma revisão, ao menos colocou um “viés de alta” nos modelos preditivos dos especialistas.

 

Segundo a equipe econômica do Goldman Sachs, apesar das medidas de restrição à mobilidade tomadas por diversos estados nos primeiros três meses deste ano para conter a proliferação da pandemia, a performance da economia do país foi melhor que a esperada graças a ganhos de eficiência e um ambiente externo cada vez mais favorável.

“A demanda doméstica final desacelerou visivelmente no primeiro trimestre e as exportações líquidas foram um entrave à atividade, mas a acumulação de estoques gerou um impulso positivo significativo para a atividade. Com a forte impressão do primeiro trimestre, a atividade real está de volta ao nível pré-pandêmico”, escreve Alberto Ramos, chefe de pesquisa econômica do banco para a América Latina.

O banco americano destaca que, do lado da oferta, a atividade econômica foi impulsionada pelo incremento de 0,4% no setor de serviços ante o quarto trimestre, seguido pela “inesperada” alta de 0,7% da atividade industrial também na base trimestral.

Como consequência, o Goldman Sachs elevou sua projeção para o crescimento do PIB em 2021 de 4,6% para 5,5%. “Depois de levar em consideração a impressão do primeiro trimestre, as revisões de dados para trimestres anteriores e o sinal dos indicadores antecedentes e coincidentes da atividade (incluindo indicadores de sentimento), estamos elevando a previsão de crescimento real do PIB; assumindo que não há escassez no fornecimento de energia.”

De acordo com Ramos, a economia deve se recuperar visivelmente nos próximos trimestres devido ao progresso adicional “gradual” na frente de vacinação contra a Covid, a reabertura aos poucos dos comércios, mais estímulos fiscais, retomada no consumo e na confiança do consumidor, e termos de troca muito favoráveis no cenário externo.

Quem também alterou projeções para o PIB neste ano foram os economistas Solange Srour e Lucas Vilela, do Credit Suisse. Eles agora esperam que a economia brasileira cresça 4,9% em 2021, ante 4,0% previstos anteriormente.

 

Em relatório, os economistas do banco suíço escreveram que a taxa de poupança no país atingiu 20,6% do PIB no primeiro trimestre de 2021 contra 13,4% nos três primeiros meses de 2020, o que deve apoiar o consumo nos próximos trimestres.

“O crescimento maior que o esperado do PIB no primeiro trimestre de 2021 reforça nossa visão de que a remoção pelo governo do estímulo fiscal não ofuscou a recuperação no lado da oferta da economia e de que a economia estava correndo a um ritmo rápido no primeiro trimestre.”

Já a equipe do Bank of America revisou sua previsão para o PIB de 3,4% para 5,2% este ano em meio aos dados do primeiro trimestre. A justificativa é de que os indicadores de atividade continuam surpreendendo positivamente. “A mobilidade das pessoas não caiu tanto quanto se esperava em meio à segunda onda da Covid”, explicam os economistas.

Os economistas do BofA destacam que as perspectivas para o horizonte fiscal melhoraram “inesperadamente” graças aos maiores crescimento econômico e inflação, ao passo que o gasto público é contido.

Além disso, a avaliação do banco é de que uma provável “terceira onda” não deve ter tanto impacto econômico quanto o isolamento social promovido em 2020, uma vez que a economia brasileira parece cada vez mais resiliente a medidas de restrição.

Na mesma linha, a XP, apesar de não revisar imediatamente suas projeções para o PIB em 2021, impôs um viés de alta para a sua previsão de expansão de 4,1% neste ano. Segundo os economistas da corretora, os números do primeiro trimestre confirmam a resiliência da economia doméstica.

“Em nossa opinião, o impacto do fim do estímulo fiscal [notadamente promovido pelo programa de auxílio emergencial] foi mitigado pelo uso da poupança familiar preventiva e circunstancial que aumentou substancialmente no ano passado”, avalia a XP.

A corretora ressalta ainda que o avanço brusco nos preços das commodities e a melhor adaptação das empresas e famílias ao cenário de pandemia também podem ter contribuído para os resultados sólidos do PIB.

 

“Além disso, a nova rodada de auxílio financeiro emergencial a pessoas vulneráveis ​​e o pagamento antecipado de benefícios previdenciários devem ajudar a impulsionar os serviços prestados às famílias e aos segmentos de varejo, que aparentemente estão se recuperando mais cedo e de forma mais robusta do que se pensava após o endurecimento das medidas de distanciamento social em fevereiro e março”, comentam os economistas da XP.

De acordo com a XP, isso explica por que a estimativa atual de sua equipe de que o PIB cairá 0,5% no segundo trimestre de 2021 na comparação com o primeiro trimestre deste ano (expansão de 11,0% no comparativo anual) pode ser revista para cima.

Por outro lado, a equipe macro da corretora lembra que o coronavírus segue como maior risco negativo para o crescimento econômico e que, apesar de manterem a visão de que a vacinação ganhará impulso nas próximas semanas, os economistas continuam monitorando cuidadosamente os números da Covid-19.

Assim como o Goldman Sachs, a XP também cita preocupações com a escassez de eletricidade e fornecimento de água como riscos que permanecem no radar apesar de enxergarem um racionamento rigoroso como o ocorrido em 2001 algo pouco provável.

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