Topo

Brasil patina no comércio global com apenas 1,2% das transações

Com a alta de 18% das exportações em 2017, o governo calcula que o Brasil deverá ampliar a participação nas vendas globais, hoje em 1,2%.

Como as exportações cresceram a um ritmo mais acelerado do que seus concorrentes, há boas chances de o país escalar posições no ranking global, preveem técnicos do Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

Mesmo com essa alta das exportações, as trocas do Brasil com outros países – a corrente de comércio ou a soma das exportações e importações –ainda estão em níveis bastante tímidos.

Após dois anos de declínio, a corrente de comércio cresceu em 2017. Mas o resultado de US$ 368,5 bilhões é bem inferior ao registrado de 2011 a 2014, período de ouro das vendas externas brasileiras.

Analistas avaliam que, nas exportações, o país pode mesmo ganhar algumas posições no cenário global, mas dizem que a melhora nas trocas com o mundo depende de outros fatores de mais longo prazo, como acordos comerciais.

Dados levantados pelo governo, a que a Folha teve acesso, mostram que as exportações brasileiras cresciam até setembro a ritmo mais acelerado do que as de China e Coreia do Sul, grandes jogadores globais no comércio.

Segundo Abrão Neto, secretário de comércio exterior, isso indica que o país pode aumentar sua fatia. "A última vez que o Brasil ganhou participação foi em 2011", ressaltou. Naquele momento, a fatia do país era de 1,4%.

Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, diz que a dinâmica das vendas externas é positiva e deve subir. Mesmo assim, a fatia das exportações ainda será pequena, resultado de escolhas feitas na última década.

O Brasil, diz ele, mirou acordos com países em desenvolvimento, deixando de lado regiões que poderiam alavancar o comércio externo, como EUA e Europa.

"O Brasil focou ser protagonista entre os pequenos".

Abrão Neto se defende ao dizer que a meta do governo é manter o ímpeto exportador de empresas que se lançaram ao comércio internacional nos últimos anos, empurradas pela recessão interna.

Com isso, pretende firmar acordos que elevem o acesso das empresas a novos mercados, como União Europeia (cujo objetivo é fechar em 2018), Canadá, Índia, Coreia do Sul e com países europeus que não fazem parte da UE.

Para Lia Valls, coordenadora de comércio exterior do Ibre/FGV, mais importante do que a participação nas exportações globais é analisar o que o país está vendendo.

Em seus cálculos, as 23 principais matérias-primas exportadas pelo Brasil responderam por 52% das vendas ao exterior –o mais elevado percentual desde 2014.

"O Brasil se repete neste ponto", diz. "A melhora das exportações se dá quando há uma situação mais positiva nos preços de commodities".

Exemplos são o minério de ferro e o petróleo, que depois de recordes de baixa em 2016, tiveram alta de 44% e 35% nas exportações em valores, puxadas pelas melhores cotações em três anos.

O volume vendido, embora tenha aumentado 7,6% em 2017, depende de outras iniciativas, como a diversificação da pauta exportadora e mais acordos de abertura comercial, afirma Valls. 

Tags:

FENECON - Federação Nacional dos Economistas  
Rua Marechal Deodoro, nº 503, sala 505 - Curitiba - PR  |  Cep : 80.020-320
Telefone: (41) 3014 6031 e (41) 3019- 5539 | atendimento: de 13 às 18 horas | trevisan07@gmail.com e sindecon.pr@sindecon-pr.com.br