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EXCLUSIVO-Caixa Econômica venderá para investidores carteira de R$1 bi de imóveis retomados

SÃO PAULO (Reuters) - A Caixa Econômica Federal vai começar a vender a investidores carteiras de imóveis recuperados de clientes inadimplentes, como parte de um esforço para fortalecer a estrutura de capital e ampliar as fontes de financiamento imobiliário, disse um executivo do banco estatal à Reuters.

A primeira etapa desse processo começa na semana que vem, com a publicação do edital para venda de mais de 6 mil imóveis, com valor conjunto de 1,1 bilhão de reais. O leilão acontecerá no início de agosto, em São Paulo.

“Vamos oferecer esses ativos a grandes investidores especializados em dar fluidez para devolver os imóveis para o mercado”, disse o vice-presidente de logística e operações da Caixa, Marcelo Prata.

Esse primeiro lote é parte de uma carteira total de 46 mil imóveis que a Caixa, maior financiadora imobiliária do país, acumulou nos últimos cinco anos, na esteira de uma severa recessão no país que levou milhares de mutuários à inadimplência. Essa carteira equivale a cerca de 2 por cento da carteira ativa do banco.

Com a venda de parte dessa carteira no atacado, a Caixa poderá acelerar a reversão de provisões feitas para perdas com calotes, já que por meio de seus tradicionais feirões a venda desses ativos recuperados é mais lenta e custosa. No ano passado, o banco levantou 1 bilhão de reais com a revenda de imóveis recuperados.

“Para este ano, com as vendas no atacado junto com as que já fazemos no varejo, a meta é elevar as receitas nessa linha para 3 bilhões de reais”, disse Prata. “Queremos desmobilizar o máximo possível a carteira de imóveis recuperados”, disse ele.

O leilão previsto, dividido em duas partes, terá imóveis com preços individuais que vão de 55 mil a até 6 milhões de reais. Cerca de 95 por cento dos ativos são de lotes residenciais de todas as categorias, inclusive alguns retomados do Minha Casa Minha Vida, exceto da Faixa 1 do programa. Os lotes têm desconto médio de 30 por cento, mas alguns embutem descontos de até 90 por cento em relação ao valor total dos imóveis.

Embora legalmente os imóveis já pertençam ao banco, mais de 90 por cento deles estão ocupados. Por isso, a responsabilidade de retomá-los na prática ficará por conta dos compradores.

A venda da carteira acontece no momento em que o banco federal vem tomando uma série de medidas para tentar fortalecer seus níveis de capital, enquanto o sistema financeiro se prepara para regras mais rigorosas embutidas em Basileia III, que entra em vigor de forma integral no início do ano que vem.

No caso da Caixa, esse esforço envolveu uma forte redução dos custos operacionais, incluindo dois programas de demissão voluntária, e a desaceleração acentuada em várias linhas de crédito. Além disso, o banco parou de pagar dividendos ao governo federal, passando a usar seu lucro para recompor o capital.

A Caixa também tem planeja vender outros ativos. O braço de loterias instantâneas, Lotex, deve ser leiloado no mês que vem. E a participação em seguros e previdência deve ser vendida parcialmente numa oferta inicial de ações da Caixa Seguridade, que pode acontecer até 2019. 

O banco anunciou no fim de maio que teve lucro líquido de 3,2 bilhões de reais no primeiro trimestre, alta de 114,5 por cento em relação a igual período do ano passado.

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